Esse é um espacinho caloroso pra você conhecer um pouco mais sobre mim e os caminhos que me trouxeram até aqui...
Um pouco sobre a minha história...
Pega um cházinho, se aconchega e vêm ler um pouquinho sobre a minha história, Deusa. Tô muito feliz que você está aqui.
O Ventres da Terra nasceu a partir de um processo profundo de autoconhecimento e cura com o meu próprio corpo.
Esse ainda é um caminho que busco e trilho diariamente.
Como toda adolescente em meados dos meus 15 anos sofria de cólicas menstruais intensas e inúmeros sintomas pré menstruais que me incomodavam muito; consequentemente acreditava que a culpa era do meu corpo condenado a sangrar todos os meses e sofrer inúmeras alterações. "Mulher nasceu pra sofrer", "menstruar é horrível", "os hormônios femininos são loucos", "mulher é tudo maluca mesmo" — essas eram algumas das frases que logo cedo já permeavam o meu inconsciente. Um ano antes, aos 14 anos, em minha primeira consulta na ginecologista, ela me receitou quase que instantaneamente um anticoncepcional. Achava aquilo tudo normal até então, eu não entendia ainda muito bem os efeitos da pílula no meu corpo, mas acreditava ser um protocolo consequente, que todas as mulheres deveriam experimentar um dia. Assim ouvia das mulheres ao meu redor: que o anticoncepcional era a solução de todos os males. Pouco tempo depois comecei a sentir inúmeros sintomas físicos e emocionais: espinhas, cólicas, inchaço, baixa auto estima, pele oleosa e consequentemente uma depressão. A minha saga com o anticoncepcional durou 3 anos. Um dia, senti que algo estava muito errado com o meu corpo e sabia que tudo tinha começado após o uso da pílula, naquele instante decidi não mais retomar com as cartelas e mesmo sem saber o que aconteceria confiei na minha decisão. Mais tarde e mais madura eu entenderia que essa teria sido uma das melhores decisões. Porém meus problemas não tinham acabado. Até os 18 anos sofria de cólicas impossibilitantes que me deixavam de cama, algumas vezes quase desmaiava de tanta dor. Nesse ponto eu já estava há alguns anos em busca do autoconhecimento através da espiritualidade, mas quando se tratava do meu corpo e da minha sexualidade poucas perguntas tinham resposta. A virada de chave aconteceu quando conheci os absorventes ecológicos e o coletor menstrual, comprei meus primeiros paninhos e abandonei o absorvente descartável; foi através dessa mudança que tudo começou a se transformar verdadeiramente. No contato íntimo com a minha menstruação e com o meu sangue menstrual fui retirando camadas e mais camadas de condicionamentos e estigmas que permeavam o meu corpo e os meus fluídos. Na prática fui desconstruindo tudo aquilo que haviam me contado sobre o meu corpo até então: que meu sangue era sujo e fedido, que o meu útero era doente, que o meu corpo era impuro, que a minha sexualidade era profana… Comecei a plantar a minha lua e a compreender mais profundamente a minha ciclicidade, passei a acompanhar as fases lunares e a reconhecer essas mudanças no meu corpo físico, no meu humor e nas minhas emoções. Quanto mais eu fazia as pazes comigo mesma, menos dores sentia. As cólicas foram diminuindo, os sintomas menstruais foram desaparecendo. Meu corpo estava em paz. Eu me sentia em paz no meu corpo. E finalmente pude honrar os processos que aconteciam dentro de mim, percebi que quanto mais negava meu sangue e as mudanças pré menstruais, mais eu sentia. Quanto mais eu me distanciava dos meus ciclos e negava minha sexualidade mais sintomas eram somatizados no meu corpo. Busquei conhecimentos ancestrais através das mulheres indígenas, dos contos, mitos e simbologias. Busquei a cura nos remédios naturais, na conexão com as plantas e ervas, no contato amoroso com a natureza e a sua sabedoria. Compreendi que tudo isso que eu estava passando era na verdade um processo de recordação. O meu corpo já sabia as respostas, eu só precisava estar disposta a ouvir, eu precisava me livrar das ditas vozes patriarcais que me faziam desconfiar da minha própria sabedoria. A sabedoria de me curar e retomar o estado natural do meu útero e ovários: a harmonia, a cura, a beleza e a potência criativa.
Já são mais de 9 anos trilhando esse caminho e hoje sinto que posso auxiliar outras mulheres nesse processo de desconstrução e recordação para que retomem o seu lugar de poder dentro de si mesmas. Ao longo desse tempo cultivei muitos estudos sobre a minha ciclicidade e como me via afetada pelas mudanças lunares, presenciei a magia que é honrar o sangue menstrual e devolvê-lo para a terra. Maravilhas aconteceram dentro de mim e continuam a reverberar ainda hoje. Resgatei a autonomia sobre a minha saúde ginecológica que há tanto tempo havia me sido tomada, deixei de depender única e exclusivamente de remédios sintéticos e da aprovação de um médico para explorar e conhecer o meu corpo.
Hoje compreendo que a responsabilidade sobre a minha saúde ginecológica é apenas minha. E que o meu corpo sabe como se curar. Ele reconhece o caminho e ele está sempre pronto para me indicar a direção e me enviar as pistas necessárias quando preciso curar algo em mim.
O meu trabalho hoje é um reflexo vasto do que foi e ainda é o meu processo de autoconhecimento e cura com o meu próprio útero.
A minha missão hoje é facilitar esse caminho para outras mulheres e auxiliar a desmistificar os inúmeros tabus e estigmas que permeiam a saúde ginecológica de uma mulher.
Sou a prova viva e criativa de que menstruar pode ser mais leve e amoroso e de que a nossa ciclicidade é um super poder esperando ansiosamente para ser utilizada com maestria.
Esse caminho já conhecemos, todas. Basta que estejamos abertas e dispostas para retomar a trilha de casa: em direção à nós mesmas, aos saberes ancestrais, à sabedoria feminina que habita o útero e os ovários de cada uma de nós.
O meu desejo é que todas as mulheres possam curar a sua relação com a sua menstruação e reconhecer que seus ovários são pérolas divinas que estão prontos para criar e manifestar tudo aquilo que quisermos.
Te espero para caminharmos juntas, Deusa.
É uma honra me reconhecer em você.
Temos muito para aprender juntas...
Com amor,
Sol.