A pré menstrual é o outono do ciclo menstrual.
É uma fase para reavaliar, ponderar, analisar, desapegar.
Talvez por isso seja muitas vezes tão desafiadora. Não fomos ensinadas sobre a importância de finalizar ciclos. Muitas vezes engolimos o NÃO e vivemos inertes em situações e relações que já não fazem sentido algum, tudo isso por medo. O medo de encarar e incorporar a nossa energia selvagem e feminina.
A pré menstrual te revela o seu ser selvagem. É você despida de todas as máscaras. É você nua e crua. Do jeito que realmente é.
E é difícil se ver assim. Repleta de defeitos e vulnerabilidades. De força e visceralidade. Repleta de verdade e autenticidade. Não nos ensinaram a ser assim. E acho que é por isso que escondemos a pré menstrual atrás desse estereótipo da "mulher louca", dos distúrbios pré menstruais, a sempre e mesma desculpa da TPM, como se fosse só isso. Como se tudo se resumisse a dores, desconfortos, sofrimento e muita TPM.
Esse olhar estigmatizado na TPM nos faz sentir e ser vista como se fossemos uma bomba relógio pronta para explodir. Instáveis. Não confiáveis. Meio malucas mesmo. Difíceis de lidar.
Mas a verdade é que por trás de todo esse estigma existe o medo cultural e social da sociedade de se deparar com a face escura do feminino. Porque na pré menstrual adentramos profundo em direção às nossas sombras. Vamos ao inferno e voltamos num só dia. O corpo muitas vezes repele, grita, expressa. É aqui que somos abruptamente convidadas à dar voz às nossas dores, medos e insatisfações.
Somos convidadas a silenciar a "mãe boazinha demais" que sempre diz sim pra tudo. Aquela parte da psique que nega e anula a sua própria vontade porque tem medo de não ser aceita e amada. É esse aspecto que está constantemente terceirizando a autonomia física, emocional e espiritual porque no fundo carregamos a crença de que não somos responsáveis pela nossa cura e evolução.
E sinceramente?
Ninguém tem coragem de se deparar com essa mulher Kali. Furiosa, tempestuosa e selvagem. Por isso nos escondem nas facetas da loucura, do cinismo e dos problemas hormonais. Porque assim somos domadas por nós mesmas. Nos escondemos atrás da "instabilidade emocional", quando na verdade estamos desconectadas da sabedoria ancestral do corpo, das emoções, dos ciclos e da natureza.
Acreditamos que somos loucas porque estamos sempre nos transformando. Mas esquecemos que a própria natureza se transforma o tempo todo. Ela é a maior prova da essência cíclica e mutável que existe em todas as formas de vida. Existe luz, mas também existe sombra. Existe sol, mas também há a lua.
E é esse lado escuro da lua que aflora na pré menstrual.
É nessa fase que todas as suas ancentrais sopram aos seus ouvidos suas dores e insatisfações, seus medos e receios, para que sejam ouvidos, vistos, validados, amados e honrados.
Você não é louca, mulher, só está na pré menstrual.
Respira!
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