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Foto do escritorMarcelle Cordeiro

A pré menstrual é o caminho para a totalidade

Pré menstrual não é TPM. E TPM não é pré menstrual. Apesar de se manifestar na fase lútea, a TPM (tensão pré menstrual) não é uma regra. Nem toda pré menstrual vêm acompanhada de uma TPM. Esse termo é moderno e refere-se a uma série de distúrbios físicos e emocionais que se manifestam antes da menstruação. Apesar de ser muito comum e normalizado e de fazer parte da experiência menstrual de milhares de mulheres, esse é um ponto que precisa da nossa atenção e investigação.


Seria a TPM o desequilíbrio da mulher moderna?


Visto o contexto social e cultural que nos encontramos hoje, é nítido que vivemos uma época de intensa robotização e afastamento da natureza cíclica do corpo e da natureza. Mulheres se encontram cada vez mais em desconexão com os seus corpos. Existe pouca ou quase nenhuma instrução acerca da menstruação. Somos incentivadas, cada vez mais cedo, a nos rendermos às pílulas anticoncepcionais em busca de uma linearidade e de um engessamento do nosso ciclo menstrual. Fugimos das mudanças, acabamos por ter medo de acessar o profundo das nossas emoções. Os corpos femininos foram e continuam sendo aprisionados em padrões de beleza, hormônios sintéticos, métodos invasivos e muita desinformação. A sociedade patriarcal moderna valoriza as máquinas, a super produção, a produção em massa, um ritmo perverso e incessante que não respeita a nossa humanidade. É quase como uma “obrigação” ser linear, constante e produtiva. É quase “proibido” ser cíclica, humana e orgânica.


A fase pré menstrual vêm acompanhada do arquétipo da feiticeira. Esse é o primeiro momento do nosso ciclo onde somos instigadas a sair do mundo externo e da socialização coletiva e adentrar no profundo das nossas emoções e sentimentos. O fato de vivermos numa sociedade que valoriza pouco o contato com o corpo e com as emoções, faz com que muitas mulheres sintam dificuldade de pausar o mundo cotidiano e trivial e se retirar em busca do subjetivo e profundo na fase pré menstrual. A feiticeira revela uma parte nossa que vai além da superficialidade, ela nos convida a entrar em contato com o visceral das nossas emoções, muitas vezes sentimentos mais densos e desafiadores como a raiva, por exemplo. Esse é um momento do ciclo onde entramos em contato com o que pode haver de "pior" em nós, ou simplesmente aquilo que não é aceito socialmente.


Essa fase escancara tudo aquilo que ignoramos o ciclo todo porque estávamos ocupadas demais com as demandas externas e afazeres cotidianos. Ela nos instiga a descer ao nosso submundo interior para que possamos olhar cara a cara com as nossas sombras e compreender os fragmentos não iluminados da nossa personalidade. O choro que você reprimiu, se revela. A raiva que foi contida se acentua. As emoções não vivenciadas e reprimidas se manifestam através das dores. A TPM é um chamado à atenção. Um sinal de que precisamos reduzir o ritmo e retornar ao corpo, à presença, aos sentimentos, ao uivo, às profundezas do nosso interior. O que você não têm olhado? A sua feiticeira está te chamando? Como é o seu chamado?


A TPM pode ser: TEMPO PARA MIM. A pré menstrual nos chama para canalizar a nossa energia criativa para dentro, para o nosso autoconhecimento e aprimoramento. Numa sociedade predominantemente masculina e que ensina mulheres a serem doadoras e à servir a imagem do homem o tempo todo é nítido que a fase da feiticeira seria estigmatizada e inferiorizada aos olhos da sociedade. Isso porque essa é uma fase onde a mulher é convocada a sair do externo e adentrar na escuridão e na subjetividade do mundo interior em busca do seu próprio poder. Uma mulher que retoma seu poder e utiliza das suas feridas como fonte de autoconhecimento é um perigo ao capital e ao patriarcado.


Para ativar a potência da pré menstrual é necessário entender que aqui a energia é subjetiva, misteriosa, metafórica e profunda. Através da feiticeira remexemos o caldeirão das emoções em busca de autocura e autoconhecimento. Onde há sombra, há poder. Iluminemos os porões escuros da consciência, a feiticeira nos convida a honrar e a dançar com as nossas sombras. Ela não é sua inimiga. Ela é o caminho para a sua totalidade.


Na natureza existe tempo pra tudo: minguar e introspectar para dentro de si é parte essencial do processo.


Se entregue à esse chamado!



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